05/11/2010

UFF... Passei!

Meu sonho sempre foi fazer faculdade. Eu queria mesmo era ser juíza de direito. Achava o máximo toda aquela imponência e superioridade que eu via nos filmes, mas aos poucos fui descobrindo que mais que isso um juiz deveria lidar com questões muito mais complexas do que eu poderia imaginar.

Eis que então pensei mesmo em ficar na advocacia, sem ir muito longe. Só que como na minha vida nada acontece por acaso...

Quando eu sai do 2º grau, fiz alguns vestibulares para ter noção de como seria a prova e vi que o bagulho ia ser doido, ainda mais pra mim que tinha feiro curso técnico e não tive as matérias elementares, ai a solução foi fazer cursinhi pré mesmo.

Só que pra que eu pudesse viabilizar isso, eu tive que trabalhar. Nessa época meus pais já estavam separados (o que nem faria muita diferença mesmo) e minha mãe mesmo com todo o esforço não poderia me ajudar. Me matriculei no segundo semestre do ano de 1999 e comecei os estudos.

Saia do trabalho, ia pro cursinho, chegava mega tarde em casa e quando as provas foram se aproximando, eu estudava sábados e domingos também. A rotina era pesada, não saia mais, festas e noitadas quase nunca sempre com o mesmo discurso: tenho que estudar pro vestibular.

Na hora de escolher as carreiras, eu coloquei Direito em quase todas. A única que eu não tinha escolhido ainda era a Universidade Federal Fluminense, a UFF em Niterói. Era longe de casa, do trabalho, de tudo, então fiquei relutante.

Ai num papo com a minha mãe ela disse: Você deveria escolher Serviço Social! Estava lendo aqui a ementa do curso e acho que tem muito a ver com você e com as coisas que você acredita, pensa nisso!

E fiquei pensando... Até que um dia conversando com um professor amigo, perguntei a ele se podia me dar um teste vocacional só por precaução, afinal eu já me via advogada mesmo.
Ele chegou no dia seguinte com o teste, eu fiz e esperei ele ver as respostas. Na verdade, não tiveram respostas e sim uma única: VOCAÇÃO - SERVIÇO SOCIAL!

Eu falei: Credo, só isso? Ah mais eu não vou seguir isso mesmo... porém como ainda falta a UFF pra escolher, vou colocar Serviço Social de pilha pra ver qual é.

E então chegaram as provas, resultados negativos em todas menos na UFF - passei na primeira fase. Surpresa total! Me superei rsrs.

Alguns dias depois, a prova da segunda fase, dificil pra cacete e eu tinha certeza que no ano seguinte ia fazer vestibular de novo, só que eu me enganei. Passei! Passei! Passei!

Passei pra uma universidade federal; negra, filha de pais separados, mulher trabalhadora, estudante da rede pública do primário á universidade, era muita honra! E o mais bacana, o resultado saiu um dia antes do aniversário da minha mãe, ou seja, um mega presente.

E em setembro de 2000, eu entrei na UFF pra sair com glórias e louvores em Junho de 2006, depois de muita greve, muita luta, muitas noites mal dormidas, muito medo nas madrugadas de volta pra casa, mas de muito orgulho.

Hoje cá estou, bacharel em Serviço Social ou Assistente Social, tanto faz. Uma profissional liberal que acredita na justiça social, na garantia dos direitos e numa sociedade igualitária.

Um beijo a todos os colegas de profissão que fazem valer a pena.
Um alerta aos colegas de profissão que ainda acham que Serviço Social é caridade. Helloooo! Mary Richmond já morreu!

Bjos

Um comentário:

..bee.. disse...

Nossa, me arrepiei com esse post Vê.. Sem querer me achar, me gabar ou nada do gênero, eu sou o completo oposto de você: sempre tive vida tranquila, nunca precisei trabalhar, sempre estudei em escola particular.. Mas eu acho que a luta de permanecer dentro de uma faculdade pública é a mesma! Eu sei das noites que eu passo sem dormir, das noites em que eu penso em desistir e do quanto me dá raiva reprovar numa matéria porque você mora longe da faculdade e no dia da prova vc dormiu 5 minutos a mais e chegou atrasada..

Enfim, admiro mto vc!! =)