30/11/2020

SE NÃO QUISER TEXTÃO, PARE DE LER AQUI.

Eu preciso falar. Tô engasgada, indignada, estarrecida e profundamente triste.

Vou contar uma historia aqui. 

Eu nunca fui fã de partidos: sim, mesmo eu sendo criada com uma consciência crítica, não me foi ensinado pela minha mãe (costureira e com apenas o ensino médio incompleto), o ato de idolatrar partidos. Mesmo me considerando de esquerda, eu NUNCA votei no PT, nem no PSOL, nem do PC do B, nem em nenhum outro partido, Nunca militei para partidos. Sempre votei em candidatos que tinham as melhores propostas dentro do meu juízo de valor. Daquilo que eu aprendi a valorizar como bem comum.

Quando eu entrei na faculdade, (sim, eu fiz Universidade Federal sem cotas - apenas pq ainda não existia, que fique claro), a minha consciência política aumentou significativamente. Estudei filosofia, sociologia, teoria do Estado, economia, história e muito mais. Tudo isso no curso de Serviço Social (aquele que titula o profissional Bacharel / Assistente Social e alguns ainda insistem em dizer que só entregam cestas básicas e preenchem formulários do Bolsa Família).

Anos depois, eu me vi envolta pelo amor imenso da minha religião. 
Religião esta de matrizes africanas, originalmente brasileira, nascida no Estado do Rio de Janeiro.

E... este Rio de Janeiro, em 2016, elege para a sua capital, a vitrine do país (pro bem e pro mal), um candidato que simplesmente não reconhece o que é cultural do nosso país. Um candidato que usa o nome de Deus em vão, mesmo afirmando que seu governo será laico, Uma pessoa intolerante, que utiliza da doutrinação e do processo de alienação, a sua foram velada de condução das propostas de governo.

Um candidato que não reconhece a diversidade do seu país. O Brasil, lembram? Misto de negro, branco, índio, oriental. E a cidade do Rio de janeiro, é uma das cidades que mais refletem essa pluralidade.

Nunca fui amante do então opositor (Marcelo Freixo). Sempre tive as minhas reservas e não eram poucas. mas, quando eu fiquei sabendo quais seriam os candidatos que concorreriam à prefeitura do Rio de Janeiro, tratei de me informar (mesmo não morando na cidade há quase seis anos), até porque minha familia ext4ensa, meus amigos, meus conterrâneos vivem lá. Dentre as opções que existiam, declarei Freixo como o "menos pior" e pensei: se eu estiver no Rio, anulo meu voto.

Tempo passou e eu comecei a analisar as propostas de cada candidato, as alianças políticas e partidárias que haviam sido feitas e principalmente como estes mesmos lidariam com as chamadas "minorias".

Por que isso? Exatamente porque eu sou parte das tais minorias: negra, pobre, oriunda de bairro cercado por favelas, formada num curso de humanas (aquele que serve pra dar cestas básicas ou fazer miçangas, sabe?), que trabalhou durante toso curso para se manter na universidade e ainda por cima: umbandista.
Neste momento eu me vi representada pelos argumentos e propostas do Marcelo Freixo.

Já dizia minha mãe, o que não queremos para nós, não desejamos para os nossos semelhantes. Como eu sempre quero o melhor para mim e para os meus, desejei o mesmo para toda a população carioca. Um cara que pode ter inúmeros defeitos, que todos possuem, mas que está aberto a discussões. uma pessoa cercada de profissionais técnicos operacionais, especialistas nas mais diversas áreas. Ali eu pensei: Putz, agora vai!

E foi... pro ralo, pro buraco, lá pra trás.

Neste momento de profunda tristeza (eu estou entre lágrimas, de verdade), espero sinceramente que as nossas necessidades sejam atendidas. Que realmente o novo prefeito da cidade do Rio de Janeiro governe para povo. mas como diz uma amiga q eu amo demais: Vê, você é insuportavelmente otimista. Dai eu sempre respondi: não é otimismo, é fé!
Para vocês que se omitiam do maior momento de transformação que o Rio de Janeiro passaria, fica meu profundo pesar e minha torcida para que as suas escolhas consigam erguer novamente a cidade maravilhosa.

PS: eu vou ficar chata por uns tempos, vou publicar coisa pra caramba, vou compartilhar mais outras tantas. Então, a escolha de me manter em suas timelines é de vocês.

Que a paz esteja conosco.

Vê.

Texto publicado no Facebook, em 30 de outubro de 2016, logo após Marcello Crivella ser oficialmente anunciado como prefeito da cidade do Rio de Janeiro.


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